Sou de um tempo em que se falava com o olhar
as inúmeras coisas que se perderam e nos fizeram mudar, porém, não afirmo ser de
tudo, uma mudança nociva, pois a forma rude com que éramos tratados, por muitas
vezes projetou-me a ignorância do resmungar contra minha mãe.
Só que hoje me invade as lembranças: o respeito aos
mais velhos, nas conversas dos adultos as crianças não se metem, nossos
professores não tão joviais eram implacáveis e nos reprovavam por muito pouco, o
desconhecido mundo sexual nos retardava a menarca e o primeiro beijo, falávamos
ontem de sonhos impossíveis que hoje são vistos como superfulos, trajávamos com
sacrifício as grifes do atual mundo Made in China.
Mas por que mudamos?
Ao invés de sermos capazes de reformular os pontos
nocivos de uma época que deve avançar sim, mas sem perder a premissa do respeito ao que
falamos antes.
E o que nos fez? Não conseguimos atingir o século XXI,
amparados por valores primordiais a vivência humana? Visto que passamos a acreditar que a internet
é a salvação do planeta, assim como a única fonte de conhecimento, pois neste
mundo virtual tudo pode acontecer ao simples toque de um botão, onde centenas
de fatos se acumulam e se distribuem sem o menor critério.
Amarrados aos vícios escalafobéticos da sociedade
atual, somos virtualmente: bons monstros sem faces que sentem prazer onde não há
prazer, “nossas crianças”, como ave de rapina, os vídeos de corpos multilados nos
reviram o estômago mais bate recorde de acesso, nossos filhos passam horas nos jogos
de GTA que afazem apologia ao crime, o bandido é muito mais dinâmico.
Mas por que mudamos?
Mesmo sabendo que o tempo nos dirá com toda certeza
que “apesar de termos feito tudo que fizemos, nós seremos e faremos como os
nossos pais”. Que não tinham medo de dizer não, eles não precisavam do sim da
permissividade vendida nas lojinhas do maldito R$ 1,99, que distribuem os
pacotes da falta de limites e que nos transformou em uma sacola gigantesca que
é recepcionada pela famigerada pergunta: O que você trouxe? “Boa noite” não
existe mais!
Durante os anos que virão e se projetarão pelas telas
de LCD, os homens e mulheres serão a suposta versão do filme Matrix Evolution,
pois estaremos sentados no mesmo espaço com os tablets nas mãos virtualizando o
carinho que fazemos questão de postar no facebook, enquanto ainda nos
esbarramos na sala ou na saída do banheiro social.
Dentro desta realidade por que ainda não mudamos?
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