Após um longo tempo a procura de seus pensamentos e
lembranças, Hércules acorda e encontra Efidríades sentada à beira de sua cama,
como sua serviçal condenada por Zeus, ela o servirá por todo tempo.
Afrodite é o primeiro nome dito por ele ao recuperar
sua memória, não suportava saber que não havia conseguido atender seu pedido,
pois Hérmia havia lhe enganado, como deixou a dor de um sentimento traí-lo
daquela maneira, ele precisava voltar ao Olímpo e dizer que Perseu e Athena não
foram resgatados.
Ouvindo os pensamentos de Hercules, Efidríades diz a
ele que todos estão fora da terra do esquecimento, porém Afrodite foi a que
mais sofreu na saída daquele lugar, estava cega e seus olhos ficaram com Hérmia.
As palavras da Ninfa provocaram a ira e a cólera do semideus que partiu para
terra do esquecimento em busca dos olhos daquela que o amou dentro de sua
condição divina.
Vasculhando tudo e possuído pelo ódio, ele encontra as
Ninfas das águas doces brincando com os lindos olhos de Afrodite, atormentado
por tal visão, nada o impediria de arrancar das mãos daquelas malditas e doces
criaturas as joias preciosas que veio buscar, os olhos da deusa do amor que embriaga
os amantes, enlouquecendo-os de desejos.
Sem que elas
percebam, Hércules com um único golpe de sua espada decepa-lhes as mãos, enquanto
gritam desesperadas, ele pega os lindos olhos de sua amada e os coloca dentro
de seu coração, precisava devolver-lhe a luz perdida na inveja angustiante de
Hérmia.
Longe daquele lugar, os sentimentos de Afrodite
espalham-se pelas paredes de sua morada sufocando Efidríades, que passa
entender que Zeus era soberano, porém muito cruel em tudo que fazia, sentiu uma
angustia imensa ao lembrar-se de Hérmia e o quanto ela devia sofrer por ter
protegido o grande amor de sua triste vida.
Alucinada pela paixão em brasa da divindade, ela suplica a ele que vá embora levando
os olhos dela para bem longe, gritando alucinadamente como quem está preste a
morrer de amor, Efidríades é a materialização do amor não correspondido.
Os olhos dela deixam Hércules penalizado, mesmo
sabendo que ela podia não aguentar, pegou-a em seus braços e partiu para o Olímpo
devolvendo-a para Zeus, ele era humano em sua essência.
A dor de Efidríades o fazia odiar os deuses e suas
decisões, e é neste instante de desobediência que os olhos de Afrodite
atravessam-lhe o coração deixando-o marcado para sempre, expostos aos pés de
Zeus, eles reluzem como dois preciosos diamantes e para não deixar-se humano
diante do semideus, ele os pega e devolve a filha, que condenada passara a ver eternamente
a dor de sua escolha.
Proibidos de ficarem juntos, Afrodite e Hercules
estarão separados por todo tempo dos deuses, pois o amor em sua forma real não
conseguiu superar a dureza com que Zeus se faz implacável com quem ousam a
desobedecê-lo.
Fora do Olímpo, Efidríades é devolvida ao semideus,
pois jamais seria permitido a eles mudar as vontades de Zeus, consumida pela
dor que fará parte de toda sua existência terrena, ela terá que acompanhá-lo
sem dizer nada, ouvindo seus pensamentos e lembranças de um amor divino que
nunca se realizou.
Neste reencontro dos deuses, o amor é tão frágil
quanto à vida, porém, os deuses sofrem com suas escolhas enquanto os semideuses
continuam sem entender o sublime amor divino...
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