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sexta-feira, 29 de junho de 2012

Meninos e a dor interior de suas meninas...


Convencionalmente o médico me falou com orgulho.
- Um lindo menino mãe.
Porém a vida e o tempo me trouxeram aos braços um ser extremamente especial, como um lindo anjo, ele retratava em suas ações o protesto estampado de quem acreditava que a vida vai muito além de ser quem ele realmente é, “apesar do título dado pelo médico, fundamentado em sua constituição física”.
Vinculado às obrigações sociais, exigíamos dele que se reportasse ao mundo como um homem, porém seu corpo envolto a suas vontades e verdades implorava que tudo fosse diferente.
As bonecas da irmã lhe permitia construir fantasias de poder ser o que ele fisicamente não era, enquanto as lágrimas de emoções contidas lavam-lhe a alma a cada provocação passada.
Diferente de tudo, nós tentamos simbolicamente mostrar-lhe o quanto está viagem informal podia lhe fazer muito mal, a sociedade é perversa e preconceituosa, passamos então a proibi-lo de fazer uma série de coisas que achávamos erradas e que sabemos hoje não ser, pois quem determinou a multiplicação da espécie, com toda certeza não nos tirou o direito de sermos o que desejamos ser, e ambas as ações também foram determinadas ao mesmo tempo pelo “Criador”.
Dividida entre as regras impostas pela sociedade e o amor materno, eu sofria a árdua escolha de estar com ele, como ele é e se sentia bem em ser.
Procuramos alguns especialistas, para tentar junto sufocar este ser estranho que acreditávamos habitar o corpo de nosso filho. Mas, ao sermos agraciados por “Deus” com a sabedoria do tempo descobrimos que a alma humana é composta de felicidade e ser feliz independe de nossa condição sexual, ou com quem compartilharemos nossos desejos, e até mesmo se contribuiremos ou não para perpetuação da espécie. Ela se faz em nós e por nós mesmos.
E quando estas informações se acomodaram em mim os laços maternos gritaram em silêncio contra hipocrisia humana, que condiciona um sentimento incondicional o “amor” que é a sublime atitude divina em nós, portanto não podemos esquecer jamais desta simples e profunda frase: “Amai uns aos outros como a ti mesmo”.
Sendo assim, lembre-se quem ama não impõe condições apenas ama.
Então estique seu arco (este esticar da fibra é o tempo e as lições que ensinamos aos nossos filhos) e atire sua flecha (seu filho) se ele atingira o alvo ou não (seu objetivo) a escolha é dele e não sua, porém tudo que fizer faça sempre com primazia e amor.

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