Quando nasci, fui desejado por
minha família, com todo carinho meu pai
escolheu meu nome, João Pedro, sou míope e uso um óculos super forte com
lentes que costuma incomodar, mas me permite ver com toda clareza a cara covarde
dos meus agressores diários. O meu amigo,
o Pedro, conhecido por todos como bolão, acho que não preciso dizer o motivo do
apelido, é companheiro da Ana Julia “ferrugem”, uma menina doce e delicada, que nos faz companhia na
hora do intervalo quando corremos para o nosso esconderijo. Lá, somos super heróis e matamos a turma do mau,
outro dia a Ana Júlia, jogou ácido no Maurício, ele ficou com medo que borrou
toda calça, o Lucas saiu correndo e nunca mais voltou para escola. O sinal toca
e voltamos apressados para o nosso pesadelo cotidiano, eles fazem parte da
nossa turma e não nos deixam em paz com seus apelidos malvados e suas
brincadeiras agressivas. Outro dia, a Ana Júlia não veio à escola, a mãe
comunicou à diretora que a menina não iria mais estudar. Passamos na casa dela
quando estávamos perto, soubemos que ela havia tomado o super ácido que jogou
no Maurício e por este motivo iria estudar com os anjos. Quando voltamos para
casa armamos um super plano, juntamos uma porção de fotos da Ana Júlia e fizemos
um mural enorme. Julia será a primeira
da turma, suas lindas sardinhas brilharam como estrelas em uma linda noite de
luar. E o mundo vai saber mundo que ela não foi covarde apenas estava cansada
de suportar a maldade do Maurício, do Lucas e Cia... Passamos então ignorar os
ignorantes que pensavam estar se divertindo.
Segundo a professora Esp.:
Kátia Alessandra F. Rojas “Apelidos como "rolha de poço", atitudes
como chutes, alunos "esforçados" que geralmente sofrem represálias
por parte de seus colegas, em geral, não por características físicas, mas
também intelectuais, são comportamentos típicos de alunos em sala de aula.
Brincadeiras próprias da idade? Não. São atos agressivos, intencionais e
repetitivos, que ocorrem sem motivação evidente e que caracterizam o chamado
fenômeno Bullyng.Estudos mundiais revelam que de 5% a 35% dos alunos estão
envolvidos nesse tipo de comportamento. No Brasil, alguns estudos demonstraram
que esses índices chegam a 49%. Quem agride, quer que o seu alvo se sinta
infeliz como na verdade ele é. É provável que o agressor também tenha sido
humilhado um dia, descarregando no mais frágil a sua própria frustração e
impotência. Não é interessante responder às provocações, pois isso aumentaria a
raiva do agressor e é exatamente isso que ele quer. Outra coisa importante é
não manter segredo da ofensa, intimidando-se. Pode ser um bom momento de lidar
com os próprios complexos e de superar com a ajuda da família.”
O Bullyng é um problema
mundial, e o mais agravante dos fatos é a omissão de alguns estabelecimentos de
ensino, seja ele de ensino fundamental ou médio, particular ou público, que
fecham os olhos não admitindo a ocorrência do fenômeno entre seus alunos,
fingindo desconhecimento e negando-se a enfrentá-lo. Não podemos fazer vistas grossas quando
observamos a criança ou o adolescente com brincadeiras de mau gosto. Ou
inocentemente reproduzirmos um apelido, achando que os colegas o estão fazendo
devido a uma forma de carinho, visto que muitas vezes ele reflete o interior do
ofendido e não a ação prazerosa que pensamos estar ali. Um aluno, filho de pais
com estatura baixa e que os amigos e nós educadores costumávamos chamar
carinhosamente de “pequeno”, sofreu calado até recebermos a visita da mãe que
nos pediu que parássemos de nos referir a ele desta maneira, pois ele detestava
o jeito carinhoso com que o tratávamos.
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