Total de visualizações de página

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Muito prazer, eu tenho nome...


Quando nasci, fui desejado por minha família, com todo carinho meu pai  escolheu meu nome, João Pedro, sou míope e uso um óculos super forte com lentes que costuma incomodar, mas me permite ver com toda clareza a cara covarde dos meus agressores diários.  O meu amigo, o Pedro, conhecido por todos como bolão, acho que não preciso dizer o motivo do apelido, é companheiro da Ana Julia “ferrugem”, uma menina  doce e delicada, que nos faz companhia na hora do intervalo quando corremos para o nosso esconderijo. Lá, somos super heróis e matamos a turma do mau, outro dia a Ana Júlia, jogou ácido no Maurício, ele ficou com medo que borrou toda calça, o Lucas saiu correndo e nunca mais voltou para escola. O sinal toca e voltamos apressados para o nosso pesadelo cotidiano, eles fazem parte da nossa turma e não nos deixam em paz com seus apelidos malvados e suas brincadeiras agressivas. Outro dia, a Ana Júlia não veio à escola, a mãe comunicou à diretora que a menina não iria mais estudar. Passamos na casa dela quando estávamos perto, soubemos que ela havia tomado o super ácido que jogou no Maurício e por este motivo iria estudar com os anjos. Quando voltamos para casa armamos um super plano, juntamos uma porção de fotos da Ana Júlia e fizemos um mural enorme.  Julia será a primeira da turma, suas lindas sardinhas brilharam como estrelas em uma linda noite de luar. E o mundo vai saber mundo que ela não foi covarde apenas estava cansada de suportar a maldade do Maurício, do Lucas e Cia... Passamos então ignorar os ignorantes que pensavam estar se divertindo.
Segundo a professora Esp.: Kátia Alessandra F. Rojas “Apelidos como "rolha de poço", atitudes como chutes, alunos "esforçados" que geralmente sofrem represálias por parte de seus colegas, em geral, não por características físicas, mas também intelectuais, são comportamentos típicos de alunos em sala de aula. Brincadeiras próprias da idade? Não. São atos agressivos, intencionais e repetitivos, que ocorrem sem motivação evidente e que caracterizam o chamado fenômeno Bullyng.Estudos mundiais revelam que de 5% a 35% dos alunos estão envolvidos nesse tipo de comportamento. No Brasil, alguns estudos demonstraram que esses índices chegam a 49%. Quem agride, quer que o seu alvo se sinta infeliz como na verdade ele é. É provável que o agressor também tenha sido humilhado um dia, descarregando no mais frágil a sua própria frustração e impotência. Não é interessante responder às provocações, pois isso aumentaria a raiva do agressor e é exatamente isso que ele quer. Outra coisa importante é não manter segredo da ofensa, intimidando-se. Pode ser um bom momento de lidar com os próprios complexos e de superar com a ajuda da família.”
O Bullyng é um problema mundial, e o mais agravante dos fatos é a omissão de alguns estabelecimentos de ensino, seja ele de ensino fundamental ou médio, particular ou público, que fecham os olhos não admitindo a ocorrência do fenômeno entre seus alunos, fingindo desconhecimento e negando-se a enfrentá-lo.  Não podemos fazer vistas grossas quando observamos a criança ou o adolescente com brincadeiras de mau gosto. Ou inocentemente reproduzirmos um apelido, achando que os colegas o estão fazendo devido a uma forma de carinho, visto que muitas vezes ele reflete o interior do ofendido e não a ação prazerosa que pensamos estar ali. Um aluno, filho de pais com estatura baixa e que os amigos e nós educadores costumávamos chamar carinhosamente de “pequeno”, sofreu calado até recebermos a visita da mãe que nos pediu que parássemos de nos referir a ele desta maneira, pois ele detestava o jeito carinhoso com que o tratávamos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário