O magistério não é uma profissão de risco, mais nos últimos anos venho refletindo se estou certa. Embriagada pela esperança de ensinar e a prender o que há de melhor na humanidade, vivi dentro da profissão grandes alegrias e muitas tristezas... Que por hora configura-me como um matrimônio infeliz ao qual temos que nos acomodar: “Ruim com o profissional que temos, pior sem ele”.
Sei que a violência nas escolas públicas é grande, contribuindo para insatisfação de seus profissionais, bem como para evasão dos mesmos deste importante mercado de trabalho.
Assistindo o programa da TV Senado, angustia-me tentar entender a “burocracia” de discussões que a meu ver não passam de transamazônicas.
Nascemos sabendo que o Brasil é um país que não valoriza a Educação e isto é um fato histórico, mesmo assim continuamos anos a fio tentando descobrir os culpados do fracasso educacional atirando para todos os lados. Precisamos de um culpado, pois não somos capazes de entender e aceitar que erramos, e na contra partida temos que acertar juntos.
A família, instituição responsável pelos primeiros passos de formação das crianças tem obrigações neste contexto, e omíti-las em interpretações de cunho pessoal ao Estatuto da Criança e do Adolescente é irracional.
O mundo mudou, mais o legado de responsabilidades paternas, os valores éticos e morais continuam os mesmos, nossos filhos têm que adentrar as instituições educacionais com civilidade e urbanidade. Por favor, obrigada, com licença, bom dia, boa tarde, ouvir o outro, sentar-se adequadamente nas salas, respeitar e acatar os comandos... São princípios que fundamentam limites que atravessaram os séculos e fará parte da formação do cidadão no terceiro milênio.
Como gestora de escola pública assusta-me a quantidade de pais que recebo por dia com um discurso, que me lembra “Um cego em meio ao um tiroteio”. Totalmente perdidos eles dizem que não sabem o que fazer com seus “filhos” e a relação: Quem é o adulto? Não se estabelece!...
Dentro das unidades escolares o vendaval de comportamentos atrelados as especificidades de profissões impostas ao professor o agride e como já havia dito em meus relatos anteriores: -“Ele não é Bombril, mas exigem dele mil e uma especialidades”.
Para a Presidente da Escola Brasileira de Professores, Guiomar Namo de Mello: O país continuará formando: “Alfabetizadores e professores de 1º ao 5º Ano que não conseguem diferenciar zero vírgula cinco de meio”... Segundo a mesma os alunos do Bandeirante, colégio renomado do Estado de São Paulo não se dedicará ao magistério. ...“ Nós deixamos a formação do professor destinada aos alunos do ensino médio público noturno, pois são eles que vão fazer o curso de pedagogia ou licenciatura. E vão pagar por isto! Depois vão dar aula na escola pública”... Mas uma vez nos escondemos atrás de diagnósticos da péssima qualidade educacional e da formação de seus profissionais. Perdoe-me: o leite já derramou! A criança já nasceu! Até quando ficaremos procurando com o pano na mão quem é o pai do rebento e quem ligou o fogo? Paguem um salário digno ao profissional da educação, reduzam sua carga de trabalho e garantam a ele capacitação em serviço, sobram vagas nas Universidades Públicas destinadas ao magistério. O país não pode parar!... Divagamos anos a procura de problemas sérios, estampados nas linhas, estrelinhas, desenhados e grafados em neon, que são resolvidos com medidas paliativas, copiando modelos educacionais importados “Made in China” totalmente fora de nossa realidade.
Acredito que nove mil reais por mês atrairá para profissão do magistério segundo “Heleno Araújo Filho” um número significativo de profissionais. Mas é nosso dever pensar! Isto não garante a qualidade do ensino público e nem do particular, pois se assim o fosse, não teríamos governantes corruptos que patrocinam o desvio de 60% a 70% das verbas públicas que tem como foco principal a área da saúde e da educação.
Neste oceano de lamurias e mazelas a fala do Senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) confirma uma possível tendência, e que espero, seja real para a próxima década “Se erramos, por que não consertamos?”
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