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quarta-feira, 18 de julho de 2012

7 - A morte do homem Perseu e a liberdade de Athena...


Após um longo tempo compartilhando a alma e o coração de Athena, Perseu acredita que não haverá paz em seu interior se não for capaz de viver os sentimentos humanos que o colocou nas mãos daquela que se feriu por ele.
Tentando percorrer um novo caminho, ele convence Afrodite à deusa do amor a enchê-lo de desejos, mesmo antes de terminar seu pedido, ela lembra que a mistura de sentimentos matará o que há de melhor fundido dentro dele, a alma de Athena.
Aprisionado pela incompreensão, arrogância e a brutalidade destinada aos homens de sua época, ele se recusa a aceitar as verdades latentes nas palavras da deusa, que invade sua alma conduzida pelo olhar típico dos amantes.    
Alucinado pelo desejo de Afrodite, Perseu encontra Efidríades com quem têm momentos inebriantes de uma louca paixão.
Sentindo o calor ardente dos sentimentos produzidos por Afrodite, ele perde a razão e declara ao Olímpo o quanto ama a serviçal de Hércules.
E é neste instante que Perseu desafia o Deus do Inferno Hades a estar com ele na luta que travará com Zeus para libertar sua amada, vítima da injustiça do senhor absoluto do Olímpo.
Envolvido pelos desejos de Afrodite que trazia em sua essência as lágrimas de Cupido tomadas por ela do coração de Athena, é que Efidríades e Perseu vivem o melhor da paixão proporcionado pela deusa do amor. Porém Afrodite aproveita a loucura de ambos para se vingar da Ninfa que fez com que Zeus desse a ela uma pequena parte de sua implacável ira.
Após saciar sua sede de vingança Afrodite deixa dentro da Ninfa as lágrimas de Cupido que envenenaram Athena e para mostrar ser tão dura como Zeus revela a ela o mínimo do amor divino que sentia por Hércules, com o corpo queimando como brasa a jovem que Perseu nutria um grande amor e que acabará de possuir, sente o pior das duas deusas impedidas de viver o amor humano.
Pelas janelas do tempo ao lado de Zeus, Athena assiste ao covarde espetáculo de ver sua alma novamente se despedaçando no interior daquele a quem ela escolheu para viver o melhor de sua pouca existência humana, com o coração despedaçado e que aos poucos vai substituindo o coração de Perseu que com toda certeza morrerá, assim que tudo estiver terminado, pois as finas fagulhas do diamante que transformou o coração da divindade ao ser perfurado pela espada de Afrodite destruirá o belo coração do semideus.
Desesperada Athena suplica a Zeus que não o deixe morrer, pois matá-lo era um direito dela, mesmo sem entender e fiel a seus princípios não quer ser a responsável pela morte de Perseu daquela maneira, sem lutar.   
Compadecido com a dor da filha, Zeus arranca a alma e o coração de Athena de seu novo inimigo, dando a ela o direito de escolher se vai ou não ficar com os sentimentos humanos que lhe impregnavam a alma. A decisão de Zeus condena Perseu a deixar de ser um semideus, visto que para libertar Athena ele teve que separar o Deus do homem que habitava seu interior.
Quando Hades ouve o pedido de Perseu o leva para o inferno onde trama a derrota do irmão, mesmo sem saber que Efidríades é agora escrava da vingança de Afrodite e que nunca mais estará novamente com ela, Perseu se entrega ao ódio e parte para o Olímpo com o poder do tempo, um presente dado por Hades e que sempre fora temido por todos os deuses. Esta arma absoluta só poderia ser utilizada por um semideus, pois o ódio contido na vontade de sermos eternamente jovens fez do tempo o grande algoz da humanidade.
Diante dos momentos vividos com o semideus em sua memória, Athena levanta sua espada e transforma sua essência em pedra, soterrando-a nas lacunas do tempo entre um instante qualquer entre uma hora e outra.
 Livre como uma grande águia ela voa sobre o Olímpo deixando cair de seus olhos as lágrimas que marcarão para sempre sua existência.
Quando a última lágrima da divindade toca o chão, o destino de Perseu acaba de ser selado, ele nunca mais terá o amor de Athena. O grito de lamento da águia que se choca contra as rochas do destino ecoa para sempre nas alamedas da eternidade, pois o amor humano de Athena por Perseu, agora estava morto.
Quando Zeus olha para filha e vê que sua escolha iria destruí-la ele arranca de Perseu a metade humana e dá à Athena que passa a ter diante dos seus olhos a imagem materializada dos melhores momentos vividos por ela.
No templo de Athena, Perseu como mortal tenta compreender e justificar o que sentiu o semideus, ao vê-la se ferir por um sentimento simples que passou, suas palavras arranca da deusa a mesma ira, pois seus sentimentos eram sublimes.          Ao perceber que havia cometido o mesmo erro, ele procura dizer a ela porque ficou tão triste com a atitude divina da deusa, que trazia no peito a marca do que nunca fora vivido.
Mesmo diante da imensa misericórdia de Zeus, Athena permanece fiel a sua escolha, com espada na mão olha dentro dos olhos de quem um dia lhe mostrou a vida e sem a menor piedade atravessa-lhe o coração deixando a essência dos mortais cobrirem os seus pés, pois era ali que eles deveriam sempre estar. E o único ser que foi capaz de vê-la como mortal, debruça sobre o solo de Hades seu corpo, deixando gravado nas areias do tempo o triste fim do homem Perseu.
Neste novo encontro das divindades, os deuses tomam sua verdadeira forma e os semideuses deixam de existir.

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