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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Crianças batatinhas...



Ao recordar alguns momentos vividos por mim em minha infância, que foram pautados em velhos ditados, dos quais gostaria de destacar o que sugeriu este texto: “Estas crianças estão sendo criadas como Deus criou batata”. 
Onde retrato com saudade os belos dias percorridos por meus pequenos pés que sem rumo  passeavam nas refrescantes águas do córrego, o qual nos presenteava com lindas nascentes a fervilhar no chão. Lembro-me, que ficávamos horas a olhar a mais bela imagem que nos dava a natureza...
Era encantador ver a água brotar transparente como as lágrimas de saudade que sentíamos de nossa mãe, que por força das circunstâncias nos deixava a mercê de nossa própria sorte.
O tempo construía em nós a dureza dos que tiveram na rua a lição do defender-se a qualquer preço, pois éramos vítimas dos moleques maiores e dos vizinhos que nos via como ervas daninhas neste jardim maravilhoso criado por Deus. 
Como única fonte de esperança, caminhávamos para escola seguindo o curso deste espetacular e maravilhoso córrego que guardou segredos nunca revelados: Mãe, como era difícil não te ver nas reuniões, nas festinhas, na matrícula, na solicitação do Diretor, na homenagem à senhora, nas refeições diárias que por muitas vezes não fazíamos...
Porém seu traje paterno construiu uma couraça de coragem que nos trouxe até aqui, cheios de cicatrizes recobertas por um orgulho imenso de saber que hoje, podemos poupar nossos filhos que não vêem mais a linda imagem construída pela natureza, as lindas nascentes soterradas ou poluídas em nome do progresso.
Eles estão trancafiados em nossas escolas ou paralisados em nossas casas em frente ao videogame ou da televisão. 
Mesmo hoje continuam sendo vítimas dos moleques mais velhos, que praticam um ato denominado de maneira chique “bullying”, o que faziam com a gente de maneira selvagem e nisto nada mudou só o nome.  
E o que aquelas pequenas e frágeis mãozinhas esperavam do futuro?
O que estas velhas mãos calejadas pelo tempo digitam com todo respeito aos amigos pais e mães, que como outro ditado espetacular: “São iguais e só mudam de endereço”, nossos filhos não querem mais horas na escola, eles nos querem por perto...
Os que estavam soltos nas ruas do bairro por não terem a tecnologia, hoje estão cercadas por paredes dominadas pela tecnologia, porém sendo criadas como Deus criou batata... A sua própria sorte...

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