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terça-feira, 28 de agosto de 2012

9 - Perseu e as sombras da vingança...


Durante algum tempo as batalhas envoltas por grandes e contagiantes vitórias desviaram os pensamentos de Athena, que disse ao mundo e a todo Olímpo que seus princípios eram invioláveis, matando sem piedade Perseu.
Vingativo o tempo, senhor de todos os acontecimentos, planeja com Hades e Ares uma forma de desvendar os motivos que a levaram a uma escolha tão dura, eles acreditavam que estava ali à chave para destruir Zeus, que sentiu pelas mãos da filha a dor infinita de perder seu amado filho Perseu.
            A morte dos filhos de Zeus era com toda certeza o melhor e o mais rápido caminho.    Preso por Hades nas teias da escuridão, o oráculo dos segredos revelou a ele que haveria um tempo em que o coração de Zeus teria uma grande fenda e quem conseguisse passar por ela, descobriria as trilhas do desconhecido caminho de onde ele trazia e para onde leva os mortais.
Este segredo foi revelado ao oráculo em um momento de embriagues do senhor absoluto, que por descuido tomou as lágrimas de Cupido e passou a amar desesperadamente uma mortal que lhe entorpeceu os sentidos com sua imensa beleza e sabedoria, porém preferiu a morte a se entregar a ele.
Dentro da cabeça de Zeus, ela o atormentou em silêncio. Ensandecido por não conseguir tirar de sua memória o sorriso de satisfação da mortal que tirou a própria vida, antes que ele a possuí-se, era fiel aos seus princípios e à morte não era nada.
 Para se livrar de tamanha loucura, Zeus pega seu machado e abre sua cabeça, e é neste momento de desespero que uma vida ressurge, nasce Athena, a deusa da sabedoria e da guerra, que guarda no olhar as virtudes da mãe, nos braços a força do pai e em sua cabeça a grande batalha de manter pela eternidade os princípios que lhe deu a vida.   
Diante das informações do oráculo, Hades pede ao deus do tempo que arraste Orfeu até o princípio de seu sofrimento, pois precisava da lira utilizada por ele para encantar Morfeu, a quem obrigaria a tomar a forma de Perseu para perturbar Athena e conduzi-la ao mesmo desespero que tirou a vida de sua mãe.
Com Eurídice presa nas portas do inferno, Hades barganha com Orfeu sua liberdade em troca da lira, diante da esperança de tê-la ao seu lado, o deus não pensa, pega sua amada e parte. Hades entrega a lira para Ares que toca uma linda melodia. Hipnotizado, Morfeu adentra os sonhos de Athena devolvendo a ela as lembranças destruídas ao matar o semideus.
Como Perseu, Morfeu conduz Athena ao início de tudo e sua imagem volta a balançar em suas lágrimas enquanto se purifica. Distraída pelos encantos de Morfeu, Athena não percebe a chegada de Ares ao seu templo, era belo demais ter Perseu diante de seus olhos.
Deslizando seu corpo pelos lençóis, Athena sente as mãos de Perseu tocar seu rosto puxando suavemente em direção ao seu, quando os lábios da divindade tocam os lábios de Ares, ele enlouquece, tinha nas mãos a mulher que sempre amou e desejou, porém, seu corpo não consegue conter-se, ele puxa bruscamente Athena que se vê diante de um Perseu desconhecido e voraz dentro dos desejos de Afrodite.
 Ares vai a loucura total e rasga as vestes de Athena que toca em sonho a pele de Perseu, mas a realidade de suas mãos trás para o ar que respira ofegante  o cheiro de Ares, que a conduz a lucidez. Sem que ele perceba, ela pega sua espada e atravessa o coração do deus da Guerra, semiacordada o último suspiro dele ecoa em seus ouvidos, enquanto ela lhe toca as faces dizendo baixinho: - Isto é o único momento que você terá.
 Ares fica jogado sobre o leito da deusa que volta a dormir ao lado do corpo que passa a ocupar o lugar em que sempre deveria estar, nos pés de Athena.
De volta aos seus sonhos, Athena sorri para Perseu e diz: - Morfeu volte para seu lugar, Perseu é algo que não trago em meus pensamentos.
Diante deste novo encontro das divindades, os princípios se mantêm invioláveis e a morte não representa nada aos deuses.

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