Joãozinho nasceu sozinho, como todos os meninos da cidade. A mãe sempre o carregou em suas costas, habituado o esperar por tudo, viveu a vida dela, enquanto era poupado de suas próprias mazelas.
Certo dia sua
mãe partiu e deixou o menino sobre seus lençóis, quando acordou percebeu que
estava só e por mais que esperasse ou tentasse fingir de nada saber, seu corpo
o impulsionava a tomar uma atitude. A fome o tirou da cama como um ciclone arranca uma
árvore lhe expondo a raiz. Suas lágrimas molharam seus pés, pois a vida não
permite esperar por nada. Joãozinho provou o doce do amor materno e o inferno de
viver a solidão sem ele. A saudade revelou um homem inquestionável a ele mesmo,
pois não havia uma suave e aquecida costas para montar.
Surpreso com suas próprias verdades, confirmando para si
que nascemos sós, mas temos por amor a nós mesmos a obrigação divina e moral de
sermos companheiros e fieis aos homens. Independente de amá-los ou não! Visto
que um dia todos acordaram sós.
E no grande coletivo chamado vida, todos estão apenas
de passagem, e o preço desta longa ou curta viagem é o que fazemos a nós mesmos
e aos que estão dentro deste coletivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário