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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Não somos mágicas! Somos professoras!


 Bom dia crianças!
- Professora, me empresta um lápis?
Bom dia alunos!
-Professora, me dá um caderno?
Bom dia!
-Professora, me empresta uma borracha?
Após varias tentativas de cumprimentar seus alunos, dona Dora uma gentil professora abre sua mochila e tira dela uma gigantesca cartola.
Assustados, os alunos param de pedir e sentam com seus olhos arregalados a espera do que vai sair lá de dentro. O mais brincalhão da turma grita. Um coelho!
Neste instante, a porta da sala abre e os pais enfileirados entram como se elas os tirassem da grande cartola que colocou sobre sua mesa.
Sentado ao lado dos filhos, eles recebem uma folha de papel onde estava escrito um simples comando:
Pinte o arco-íris e cole atrás da folha.
Olhando para o filho com “cara” de espanto, onde ambos recolocam as bolinhas dos olhos no lugar, visto que ambas lhes saltaram do rosto. Afinal! Como fazer o que foi solicitado, sem material. Porém, como todo bom ser humano, os pais se fazem de inocentes e ordenam aos filhos:
- Pegue logo menino o lápis de cor!
-Não trouxe pai!
- E a cola e a tesoura do Kit que você recebeu!
-Também não trouxe pai!
-Então pega o caderno!
Não demora e uma “maçaroca” de folhas amassadas pula da mochila, sem capa e extremamente suja.
-Nossa! Este é seu caderno? O que aconteceu com ele? Que sujeira é essa?
Suas perguntas nos fazem acreditar nesta conturbada relação. Onde quem é o adulto desta história, ainda não fora estabelecido! Assim como o comprometimento com a vida escolar dos filhos.
Tentando amenizar a situação Dona Dora a gentil professora pede calma e silêncio a todos que já estavam fora de seus lugares, dentro da notável aventura do empresta empresta vividas no cotidiano de seus  alunos.
Com os ânimos contidos, ela mostra aos pais o quanto é difícil trabalhar sem as ferramentas necessárias, o pouco material trazido pelos amigos. Muitas vezes é tão pouco!... Que nada dá para fazer!... 
Quando a aula termina, pais e filhos levam para casa a tarefa que ficou por fazer.
Na porta ao saírem, dona Dora  retira de dentro da cartola uma frase muito importante e entrega com um belo sorriso a todos.
“Eu não sou mágica”! Sou professora: lápis preto, lápis de cor, caderno, cola e tesoura, é o mínimo que preciso para dar uma boa aula... Até amanhã crianças... Boa tarde pais...


terça-feira, 28 de agosto de 2012

9 - Perseu e as sombras da vingança...


Durante algum tempo as batalhas envoltas por grandes e contagiantes vitórias desviaram os pensamentos de Athena, que disse ao mundo e a todo Olímpo que seus princípios eram invioláveis, matando sem piedade Perseu.
Vingativo o tempo, senhor de todos os acontecimentos, planeja com Hades e Ares uma forma de desvendar os motivos que a levaram a uma escolha tão dura, eles acreditavam que estava ali à chave para destruir Zeus, que sentiu pelas mãos da filha a dor infinita de perder seu amado filho Perseu.
            A morte dos filhos de Zeus era com toda certeza o melhor e o mais rápido caminho.    Preso por Hades nas teias da escuridão, o oráculo dos segredos revelou a ele que haveria um tempo em que o coração de Zeus teria uma grande fenda e quem conseguisse passar por ela, descobriria as trilhas do desconhecido caminho de onde ele trazia e para onde leva os mortais.
Este segredo foi revelado ao oráculo em um momento de embriagues do senhor absoluto, que por descuido tomou as lágrimas de Cupido e passou a amar desesperadamente uma mortal que lhe entorpeceu os sentidos com sua imensa beleza e sabedoria, porém preferiu a morte a se entregar a ele.
Dentro da cabeça de Zeus, ela o atormentou em silêncio. Ensandecido por não conseguir tirar de sua memória o sorriso de satisfação da mortal que tirou a própria vida, antes que ele a possuí-se, era fiel aos seus princípios e à morte não era nada.
 Para se livrar de tamanha loucura, Zeus pega seu machado e abre sua cabeça, e é neste momento de desespero que uma vida ressurge, nasce Athena, a deusa da sabedoria e da guerra, que guarda no olhar as virtudes da mãe, nos braços a força do pai e em sua cabeça a grande batalha de manter pela eternidade os princípios que lhe deu a vida.   
Diante das informações do oráculo, Hades pede ao deus do tempo que arraste Orfeu até o princípio de seu sofrimento, pois precisava da lira utilizada por ele para encantar Morfeu, a quem obrigaria a tomar a forma de Perseu para perturbar Athena e conduzi-la ao mesmo desespero que tirou a vida de sua mãe.
Com Eurídice presa nas portas do inferno, Hades barganha com Orfeu sua liberdade em troca da lira, diante da esperança de tê-la ao seu lado, o deus não pensa, pega sua amada e parte. Hades entrega a lira para Ares que toca uma linda melodia. Hipnotizado, Morfeu adentra os sonhos de Athena devolvendo a ela as lembranças destruídas ao matar o semideus.
Como Perseu, Morfeu conduz Athena ao início de tudo e sua imagem volta a balançar em suas lágrimas enquanto se purifica. Distraída pelos encantos de Morfeu, Athena não percebe a chegada de Ares ao seu templo, era belo demais ter Perseu diante de seus olhos.
Deslizando seu corpo pelos lençóis, Athena sente as mãos de Perseu tocar seu rosto puxando suavemente em direção ao seu, quando os lábios da divindade tocam os lábios de Ares, ele enlouquece, tinha nas mãos a mulher que sempre amou e desejou, porém, seu corpo não consegue conter-se, ele puxa bruscamente Athena que se vê diante de um Perseu desconhecido e voraz dentro dos desejos de Afrodite.
 Ares vai a loucura total e rasga as vestes de Athena que toca em sonho a pele de Perseu, mas a realidade de suas mãos trás para o ar que respira ofegante  o cheiro de Ares, que a conduz a lucidez. Sem que ele perceba, ela pega sua espada e atravessa o coração do deus da Guerra, semiacordada o último suspiro dele ecoa em seus ouvidos, enquanto ela lhe toca as faces dizendo baixinho: - Isto é o único momento que você terá.
 Ares fica jogado sobre o leito da deusa que volta a dormir ao lado do corpo que passa a ocupar o lugar em que sempre deveria estar, nos pés de Athena.
De volta aos seus sonhos, Athena sorri para Perseu e diz: - Morfeu volte para seu lugar, Perseu é algo que não trago em meus pensamentos.
Diante deste novo encontro das divindades, os princípios se mantêm invioláveis e a morte não representa nada aos deuses.