Recebemos
em nossos ventres o composto mágico que nos conduzirá a vida eterna, e nesta troca
significativa, desencadeamos a supremacia de perpetuarmos a espécie humana. Onde
a incógnita do gerar, não permite fazermos distinção, o ventre materno recebe
com carinho meninos e meninas. Porém, a vida composta por rótulos e
deformidades, constrói e destrói o que há de melhor em cada um.
Cegos,
fingimos não ver que o tempo rompeu laços que nos conduzirão a maioridade de um
caráter duvidoso e provavelmente violento.
Surdos,
passamos pelos gritos de socorro, banalizando atos profanos enquanto corpos
frágeis são mutilados e humilhados, porém, respondemos em silêncio a nossa
falta de consciência com mais um rótulo deformado por uma sociedade desigual “Briga
de marido e mulher não se mete a colher”.
Mudos,
caminhamos a passos lentos na construção de leis que deveriam conduzir a
sociedade ao combate verdadeiro “De um povo heróico o brado retumbante”, exterminando
as ações de uma nação que sacrifica suas “meninas mulheres” ao grotesco e
insensível “corporativismo masculino”, que lavam honras inexistentes com sangue
humano.
Constituídas
pela fragilidade feminina, não há como não mergulhar no ostracismo absoluto de
uma certeza: a “lei é frágil”. Mas, não porque algumas ou uma maioria de nossas
mulheres denunciam seus agressores e possuídas pelo medo ou por um sentimento antagônico
o “amor”, voltam atrás de sua decisão. Ao pensarmos na hipocrisia das respostas
ouvidas, após esta demanda de ações voluntárias e involuntária, nos apropria o
asco subumano, pois taxadas de “vagabundas, vadias, mulheres de malandro”...
Estas meninas mulheres são mais uma vez rotuladas por quem deveria protegê-las.
Sendo assim, gostaria de lembrar que o amparo e o sistema de proteção a essas
vítimas não existem, são obsoletos e ineficientes. Afinal, “Maria da Penha”
repousa o seu ventre, que construiu homens e mulheres sobre o mármore frio de
uma lembrança que ainda nos conduz ao holocausto feminino, vítimas de quem um
dia qualquer na vida esteve protegido por nossos ventres.
Todas
as mulheres gostam de rosas, mas lutam por respeito e pela igualdade que compõe
a condição humana de tornarmos humanizados, assim como visionários de um mundo que
clama em uma única voz... Bendita realmente sejam todas as mulheres.
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